29 de julho de 2009

Só amor não basta...


Pesquisa com mais de dois mil casais revela o que leva os as relações ao fracasso



Claudia Jordão



Romeu e Julieta não foram os únicos a crer que o amor era capaz de mover montanhas, sobreviver às diferenças e passar incólume pelas adversidades. No auge da paixão, essas sensações são comuns a todos os amantes. Mas esse poderoso sentimento não tem sido suficiente para garantir casamentos bem-sucedidos e duradouros. Com o tempo e a rotina, as divergências vêm à tona e nem sempre os casais estão preparados para lidar com os percalços. É o que revela o estudo "O que o amor tem a ver com isso?", da Universidade Nacional da Austrália, divulgado na semana passada. Durante seis anos, os pesquisadores australianos observaram a rotina de 2.482 casais - casados de papel passado ou que moravam juntos. Descobriram qual o perfil de relação com maiores perspectivas de sucesso, as de maior probabilidade de fracasso e elencaram uma série de variáveis que sabotam as relações.
Mais da metade dos casais monitorados terminou a relação durante o período da pesquisa. Em geral, homens e mulheres de baixa renda e casais em que o marido está desempregado são os modelos de casamento que mais fracassam. "Isso ocorre por causa do alto nível de stress", analisa a cientista social Rebecca Kippen, técnica do Instituto de Pesquisa Social e Demográfica da Austrália. "Na ponta inversa, casais da mesma idade e com projeto de família semelhante, que pode ou não incluir filhos, têm mais chance de manter o casamento."






O TEMPO E A RELAÇÃO


MATURIDADE


A taxa de separação entre homens de até 30 anos é de 19,8% (para mulheres nessa faixa etária é de 17,6%). Esses índices caem para 5% entre as pessoas com mais de 50


FAST-FOOD


18% dos casais terminam antes de completar cinco anos de casamento. Relacionamentos com mais de 20 anos têm índice de separação de 4%


REPETECO


A taxa de divórcio entre casais que experimentam o matrimônio pela primeira vez é de 10%. No segundo casamento, o índice sobe para 15% entre os homens e 17% entre as mulheres


ENSAIO


Casais que não dividiram o teto antes do matrimônio registram índice de divórcio de 7%. Quem morou junto antes de oficializar a relação se separa em 15% dos casos
O estudo traz outros dados interessantes. Quanto maior a diferença de idade, maior a probabilidade de divórcio - a taxa de separação é de 9,5% entre casais com até quatro anos de diferença de idade. Quando a distância etária sobe para nove anos, o índice passa para 16,8%. A pesquisa coloca em xeque princípios da homogamia, a principal teoria sobre os relacionamentos a dois. Esta tese sustenta que homem e mulher se unem pelas semelhanças e não pelas diferenças.


Porém, segundo a pesquisa, discrepâncias no nível educacional não interferem muito no sucesso do casamento. Se ambos possuem nível superior ou apenas um tem graduação, o percentual de separações é o mesmo, em torno de 11%.


Outra conclusão é que a religião ajuda a manter o relacionamento. Quando nem o homem nem a mulher são religiosos, a taxa de separação é de 13,6%. Se apenas um é, o índice cai dois pontos percentuais. E, se ambos professam sua fé, a taxa de divórcio diminui para 8,1%.



ESTILO DE VIDA

BRINDE


Pessoas que não bebem ou tomam, no máximo, dois drinques por noite registram uma taxa de separação de 8,9%. Entre os que costumam beber três doses ou mais, o índice sobe para 12% para os homens e 15% para as mulheres. Quando a mulher bebe mais do que o homem, é de 14%.


CHAMINÉ


A taxa de separação é menor em casais não fumantes (7,8%). E maior quando ele fuma e ela não (17,4%)


CRENÇA


No caso de pessoas que não dão importância para a prática religiosa, o índice de separação é de 12% entre os homens e 13% entre mulheres. Casais que valorizam a religião têm taxa de divórcio de 8,1%


CANUDO


9% das pessoas com pelo menos um diploma universitário se separam. A taxa de divórcio sobe para 11% no caso de quem não tem curso superior.

Fonte: Revista Isto É - Julho/2009

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